Cuidados com o coração da mulher

Ainda hoje há quem acredite que o coração das mulheres é inabalável e que seriam elas privilegiadas no quesito saúde cardíaca, e, assim, pouquíssimas teriam risco de um evento cardiovascular importante.
Esse é um daqueles mitos que perduram a despeito de todas as evidências que levem a pensar o contrário.
Há até explicação para essa distorção: durante tempos, o grupo de vítimas de episódios cardíacos era composto majoritariamente de homens.
Isso é, na verdade, um reflexo comportamental, dos hábitos de vida e de rotina, que foram transformados paulatinamente e seguem mudando.
A conquista de espaços legítimos pelas mulheres trouxe-as para um campo de grande exposição.
Hoje, elas ocupam postos em todas as áreas profissionais e somam jornadas duplas, triplas. Além de trabalhar muito (e muito bem), são mães e companheiras e zelam por suas casas, entre diversas ações.
Outros ônus apareceram em meio à batalha por justa igualdade. Os cuidados alimentares ficaram em um segundo plano, assim como as atividades físicas e a atenção com a saúde sem falar que a ingestão de bebidas alcoólicas passou a ser mais frequente. O uso indiscriminado do tabaco associado à pílula anticoncepcional é mais um fator determinante para a entrada das mulheres no grupo de risco de problemas cardíacos.
Assim, a prevenção torna-se cada vez mais relevante. Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), a qual tenho a honra de presidir, promove já há uma década a campanha Mulher Coração,
que busca conscientizá-las do aumento dos problemas cardiovasculares entre as mulheres. Trata-se de uma campanha permanente. A iniciativa veio da necessidade de informar adequadamente as mulheres também sobre a manifestação de doenças cardíacas. Na maioria das vezes, elas não sentem sintomas comuns, como dores no peito, e, por conseguinte, não valorizam sinais de alerta.
Aproximadamente 30% dos acidentes cardiovasculares acontecem entre a população feminina no Brasil. Estudos indicam que uma em cada cinco mulheres corre risco. Diante de tal realidade, é nossa responsabilidade divulgar as formas de identificar e evitar esses casos.
No planeta, são cerca de 30 mil mulheres que vão a óbito por dia por doenças cardiovasculares, segundo a  Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa é uma tragédia que precisa ser estancada desde já.
Rev Soc Bras Clin Med. 2021;19(3):147
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https://www.mulhercoracao.com.br/

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