Planos de saúde e os médicos

No Editorial da Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica Volume 2 número 2 abril/junho de 2022 o presidente Antonio Carlos Lopes relata sobre o tema. Visitem o nosso site e tenham acesso na integra de nossa revista:
Em recente pesquisa “Os médicos brasileiros e os planos de saúde”, divulgada pela AMB (Associação Médica Brasileira), em parceria com a APM (Associação Paulista de Medicina), constatou-se que 80,6% dos médicos que trabalham com planos de saúde sofrem restrições na solicitação de exames. No mesmo sentido, 51,8% dos médicos afirmam que as operadoras criam dificuldades para a internação de pacientes.
Os números, absurdamente altos, refletem visão mercantilista por parte de planos de saúde, que impacta
negativamente o atendimento e o bem-estar dos pacientes.
Fato comprovado, inclusive, na própria pesquisa, quando 88,3% dos entrevistados relatam já terem presenciado pacientes largarem tratamentos por conta de reajustes dos planos.
Situações como essa, observadas com tamanha frequência, preocupam, já que a existência dos planos deveria facilitar o acesso à saúde da população. Ao irem contra ou dificultarem decisões médicas, acabam por prejudicar o cliente, que está pagando pelo acesso ao serviço.
É claro que não podemos ignorar o fato de que as operadoras de saúde são empresas. Consequentemente,
precisam manter uma estabilidade financeira, até mesmo para que possam oferecer serviços e assistência de
qualidade. Entretanto, urge uma regulamentação mais efetiva para a política de reajustes, pois a saúde é, antes de tudo, um direito básico do cidadão.
O levantamento trata ainda de temática atual na legislação brasileira: o Projeto de Lei 7.419/2006, em
tramitação no Congresso, que pretende alterar a Lei 9.656/1998, a chamada Lei dos Planos de Saúde.
A maioria dos participantes da pesquisa (especificamente, 77,1%) consideram a proposta negativa, em
diferentes níveis.
Cerca de 80% preveem consequências negativas para os pacientes, no caso da segmentação de planos de
saúde por tipos de procedimentos e outras diferenciações. E 83,4% são contrários a alterações com o intuito
de limitar a lista de procedimentos obrigatórios da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
De fato, seria aberta uma lacuna para a recusa de tratamentos que não fazem parte da lista-base, mesmo
que extremamente necessários e recomendados pelo médico.
Não podemos jamais esquecer que, quando se trata de saúde, estamos falando de vidas. É essencial que o
médico tenha autonomia para prescrever tratamentos e orientações pensando exclusivamente no bem-estar de seu paciente.
Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade
Brasileira de Clínica Médica e professor afiliado do
HMASP (Hospital Militar de Área de São Paulo).
Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica Volume 2 número 2 abril/junho de 2022.

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