Em 2004, a revista TIME alertava em matéria de capa sobre este processo ao qual se
referia como “The Secret Killer”; passado alguns anos, vários estudos evidenciariam
ainda mais os fatos citados na matéria e passam a relacioná-los não apenas a condições
médicas, mas principalmente com o estilo de vida adotado pela maior parte da
população ocidental. Um dos estudos descreve a inflamação como uma faca de dois
gumes; nas situações em que se torna aguda ou que se mantém a baixos níveis, lida
com as anormalidades a que o corpo é submetido e promove a cura. Porém quando se
mantém em níveis elevados de forma crônica, pode danificar seriamente os tecidos
onde estão atuando.
Em geral o processo antiinflamatório é uma defesa do organismo que permite ao corpo
resistir ao ataque patológico de bactérias, vírus e parasitas. Foi exatamente este
mecanismo que permitiu a evolução da espécie; graças a ele o ser humano sobreviveu
às condições adversas ao longo de milhões de anos.
Mas na atualidade o estilo de vida sedentário, a dieta ocidental e a enorme quantidade
de agentes agressores, levam o mecanismo a voltar-se contra si próprio de forma
avassaladora. Hoje estamos em constante contato com substâncias que o organismo
pode entender como sendo um ataque nocivo, um exemplo são os conservantes dos
alimentos, pesticidas, agrotóxicos além de poluentes, o que deflagraria por si só uma
constante resposta inflamatória.
A relação com a dieta está intimamente ligada à síntese das prostaglandinas pró e
antiinflamatórias, relacionada com o tipo de ácido graxo essencial (Omega 6 e 3)
respectivamente, presentes na dieta, para se manter o equilíbrio deve-se manter uma
razão , ¼ entre os ômegas 3 e 6 , mas infelizmente isto não acontece, numa dieta
ocidental a razão chega a 25/1, o que é sem dúvida, muito prejudicial ao nosso
organismo. Este desequilíbrio acontece principalmente pelo fato dos ácidos graxos do
tipo Omega 3 estarem presentes nos óleos de peixe e alguns vegetais como, por
exemplo, a linhaça, alimentos que infelizmente não são exatamente usuais nas dietas
da maioria da população. Já os Omega 6 são facilmente inseridos nas dietas ocidentais,
tendo como principal fonte as gorduras hidrogenadas (presentes na maioria dos
produtos industrializados).
Para concluir o impacto da alimentação neste processo, há de se lembrar que alimentos
de alto índice glicêmico, aqueles que aumentam rapidamente os níveis de glicose no
sangue, também favorecem o processo inflamatório.
Alguns fatores comportamentais agravam o processo, e então associados à elevação
dos biomarcadores do processo inflamatório:
Obesidade e gordura visceral (relação cintura quadril maior que 0,8);
Fumo;
Atividade física e aeróbica reduzida;
Alimentação pobre em óleos de peixes;
Alimentação pobre em frutas e vegetais.
Algumas doenças conseqüentes do processo inflamatórios:
Enxaquecas
Síndrome Metabólica (diabetes tipo II)
Obesidade
Doenças cardiovasculares
Câncer (alguns tipos)
Doenças Neurodegenerativas (Alzheimer)
Doenças autoimunes
Fonte: sentir bem.uol.com.br, 03 de junho de 2009.