“Os pacientes bipolares, assim como todo mundo, utilizam determinadas estratégias cognitivas para lidar com situações difíceis que levam ao estresse”, explica Érika. “O que acontece é que nem sempre eles lidam com isso da melhor maneira. Determinadas estratégias podem parecer ajudar, em um primeiro momento, mas não necessariamente é a melhor maneira de enfrentar a situação.”
De uma maneira geral, a principal característica do Transtorno Afetivo Bipolar é a presença de instabilidade ou oscilação do humor. A pessoa com este diagnóstico apresenta fases de depressão tornando-se mais apática, quadro este alterado pelas fases de mania ou euforia. nas quais o paciente pode se irritar facilmente, o fluxo de idéias, torna-se acelerado e a pessoa fica mais agitada . A alegria ou a excitação que normalmente as pessoas sentem não é tão inconstante como observado nas pessoas sem este transtorno. Nos indivíduos bipolares estas oscilações além de oferecerem risco, podem vir a durar dias, semanas ou meses (para saber mais leia “5 coisas sobre Transtorno Bipolar do Humor”)
Gerenciar os elementos estressores
No estudo, a partir da observação de três grupos distintos – dois formados por indivíduos bipolares e um grupo de pacientes sem o transtorno – a pesquisadora tenta identificar, num primeiro momento, essas estratégias de coping. O termo se refere ao modo como as pessoas enfrentam os problemas, ou ainda, como elas lidam com determinadas situações.
A partir da identificação de como cada um desses pacientes enfrenta, ou lida, com os problemas e elementos estressores, diz a pesquisadora, é possível ajudá-los a gerenciar melhor essas respostas. “Esses pacientes normalmente lidam com os problemas de forma não adaptativa, ou seja, respondem inadequadamente aos problemas e consequentemente podem ter uma piora na qualidade de vida. Um exemplo simples disso é fumar para aliviar o estresse. Pode ajudar por um lado, mas não ajuda a lidar com os problemas de uma forma definitiva e ainda piora a saúde do indivíduo.”
“Mas o coping é algo que pode ser modificado. E queremos desenvolver determinados treinos que ajudem os pacientes com isso.” Uma das hipóteses de Érika é que os traços de personalidade também influenciam nas estratégias de coping desses indivíduos. Identificar esses traços e aprender a lidar com eles é uma forma de, em longo prazo, também ampliar o tratamento e reversão de um enfrentamento não adaptativo para um tipo de coping mais eficiente e que traga mais qualidade de vida para essas pessoas que sofrem com o transtorno bipolar.
“Os pacientes bipolares são mais vulneráveis a situações de estresse e aprendendo como modificar seus esquemas de coping ou enfrentamento podemos ajudá-los a administrar melhor sua vida e lidar com o transtorno”, completa Érika.