WASHINGTON, EUA (AFP) - Dois especialistas em oncologia de Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos questionaram nesta segunda-feira a validade de tratamentos para prolongar a vida de pacientes com câncer terminal.

A decisão de se recorrer a tratamentos de alto custo e que oferecem uma sobrevida relativamente curta "representa um sério dilema ético nos Estados Unidos para os oncologistas", destacam os dois médicos no site do "Journal of the National Cancer Institute".

 

Os médicos perguntam se sete semanas "de sobrevida para os pacientes com câncer retal tratados com o remédio cetuximab representam uma vantagem, apesar do custo e dos efeitos colaterais".

 

O cetuximab (Erbitux), vendido pelo laboratório americano Merck, também é prescrito para câncer avançado de pulmão.

 

Segundo Tito Fojo, do Instituto Nacional do Câncer (NCI), e Christine Grady, do Instituto Nacional de Saúde (NIH), um tratamento de 18 semanas de cetuximab contra câncer de pulmão custa, em média, 80 mil dólares, e resulta em uma sobrevida média de cinco semanas.

 

Isto equivale a gastar 800 mil dólares para prolongar a vida de um paciente por um ano. A este ritmo, custaria 440 bilhões de dólares ao ano prolongar por algumas semanas a vida dos 550 mil americanos que morrem de câncer a cada ano, destacam os dois especialistas.

 

Fojo e Grady defendem a realização de estudos para determinar tratamentos que permitam uma sobrevida de ao menos oito semanas e que custem menos de 20 mil dólares por paciente.

 

"A vida não tem preço, mas a explosão dos custos dos tratamentos contra o câncer traz este dilema inevitável", destacam os dois médicos, estimando que "a situação atual não pode continuar".

 

"Não podemos ignorar os custos acumulados com exames e tratamentos que recomendamos e prescrevemos".

 

Fonte: 29 de junho de 2009.