A paralisação das atividades da Santa Casa de Jardinópolis, que desde a semana passada deixou de receber pacientes, e a atitude da Prefeitura de Bebedouro, que diz não ter mais como manter seu hospital e insiste para estadualizá-lo, ilustram casos graves de um problema enfrentado pela maior parte dos hospitais públicos da região: a dificuldade de financiamento de suas atividades.

Em Jardinópolis, o funcionamento da Santa Casa foi inviabilizado pela falta de recursos. Os males do hospital são crônicos. Neste ano, já sofreu intervenção do Ministério Público e trocou seus diretores na tentativa de sobreviver.

O fim do repasse de dinheiro da Prefeitura de Jardinópolis, porém, fez com que seu atendimento fosse suspenso.

Segundo o prefeito José Jacomini (PPS), neste ano a administração já destinou R$ 525 mil por mês para o hospital. Novos recursos, porém, não serão mais enviados por causa da falta de dinheiro da prefeitura e das condições de atendimento da Santa Casa.

"Não podia continuar mandando dinheiro público para a Santa Casa se a população não estava sendo atendida", disse.

Uma das saídas negociadas para resolver o problema, segundo Jacomini, é a cessão de 40 leitos da Santa Casa para o Hospital das Clínicas, que ficaria responsável pelo atendimento e pelo corpo clínico. Já em Bebedouro, a prefeitura quer se "livrar" do Hospital Municipal, também pelo comprometimento das receitas da saúde.

Problemas menos caóticos, mas não menos preocupantes, são registrados em hospitais de outras cidades da região. Em Ribeirão, o deficit mensal chega a R$ 400 mil na Santa Casa, segundo o provedor, Dácio Campos. Além da dificuldade para receber pelos atendimentos gratuitos, cobrados do SUS, o hospital tem o desafio de gerir dívida de R$ 40 milhões.

Em Araraquara, o deficit mensal é de R$ 200 mil na Santa Casa. Em Barretos, a Santa Casa encerrou julho com prejuízo de R$ 600 mil. O hospital conseguiu negociar sua dívida, de R$ 18 milhões. Agora, para poder pleitear verbas, deve pagar, por mês, uma parcela de R$ 100 mil, segundo a diretora operacional, Márcia Machado.

Na Santa Casa de Franca, que já passou por intervenção e, desde 2004, tenta liquidar o deficit, o complexo hospitalar atende 21 municípios, o que implica num custo mensal de R$ 5,7 milhões. "O problema é de financiamento. Grande parte presta serviços pelo SUS, que não tem remuneração adequada", afirmou José Reinaldo Nogueira de Oliveira Júnior, presidente da Fehosp (Federação dos Hospitais e Casas Beneficentes de São Paulo).

Fonte:FSP, 28 de setembro de 2009.