Os dados brasileiros acerca dos fatores de risco para a aterosclerose (formação de placas gordura na parede das artérias), durante a infância e adolescência, ainda são escassos.  A aterosclerose é a grande responsável pela maioria dos casos de infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e derrame cerebral.

Alguns estudos indicam que a hipertensão arterial (pressão alta) afeta de 0,8% a 8,2% das crianças e adolescentes. Demonstrou-se uma frequente associação de hipertensão arterial com sobrepeso ou obesidade.

Nos últimos trinta anos, observaram-se um rápido declínio dos casos de desnutrição em crianças e adolescentes e uma elevação, num ritmo mais acelerado, da prevalência de sobrepeso ou obesidade. Dados do IBGE em 2003 apontam um aumento da prevalência de sobrepeso em adolescentes, de 8,5% (10,4% no Sudeste e 6,6% no Nordeste) e a prevalência de obesidade em adolescentes de 3,0% (1,7% no Nordeste e 4,2% no Sudeste).

Quanto às dislipidemias (anormalidades do colesterol), um estudo encontrou uma prevalência de colesterol elevado em 35% dos 1.600 escolares, com idades de 7 a 14 anos, analisados em Campinas (São Paulo). Uma amostra da população do município de Florianópolis, composta de 1.053 escolares, de 7 a 18 anos, revelou que cerca de 10% dos indivíduos avaliados, apresentaram colesterol elevado, 22% triglicerídeos elevados, 6% LDL elevado (colesterol ruim) e 5% HDL baixo (colesterol bom).

Outro fator de risco que tem se apresentado já nas fases da infância e adolescência, é o hábito de fumar. No Brasil, até a década de 1980, esse hábito entre estudantes dos níveis fundamental e médio estava presente em 1% a 34% dos jovens entrevistados. Investigações realizadas em dez capitais brasileiras, envolvendo 24.000 alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, nos anos de 1987, 1989, 1993 e 1997, revelaram um aumento progressivo na experimentação de cigarros pelos jovens em todas as capitais.

Com relação ao sedentarismo, há poucos estudos sobre sua prevalência em crianças e adolescentes no Brasil, variando de 42% a 93,5%, o que depende do critério utilizado para definir esse fator de risco.

É fundamental identificar esses fatores de risco na infância e na adolescência, pois a prevenção das doenças cardiovasculares é fundamental e deve iniciar-se já nesse período da vida.

 Arq Bras Cardiol (2008).

Texto revisado por Nícia Padilha.

Fonte:www.portaldocoracao.com.br