Universidade pesquisa relação entre poluição e capacidade cognitiva

São Paulo - Os números mostram o risco de um fenômeno tão grave quanto os homicídios. Pesquisas recentes revelaram que doenças agravadas pela poluição matam 20 pessoas por dia na Grande São Paulo; os assassinatos são responsáveis por 7 mortes diárias. "Já temos prova de que a exposição à poluição piora doenças respiratórias, cardiovasculares e dos sistemas reprodutivo e endócrino", afirma o pediatra Alfésio Braga, da Universidade Santo Amaro, que estuda o tema. "Outras investigações estão em curso, como a relação dos poluentes e a diminuição capacidade cognitiva", afirma.

A cada novo estudo, o inventário das doenças relacionadas aos poluentes ganha um novo integrante. Tanto é que, nas contas do Laboratório de Poluição da Universidade de São Paulo (USP), em 2000, eram oito mortes diárias, número que cresceu para 12 em 2006 e chegou as 20 atuais. "Infelizmente a saúde humana ainda não é balizador das políticas públicas", afirma o coordenador do laboratório, Paulo Saldiva.

Saldiva diz que atestar que, em um ano na Grande São Paulo, menos de dois meses tiveram a qualidade do ar aprovada por todas as estações é ainda mais preocupante diante dos padrões de qualidade adotados pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (Cetesb). "Este padrão é extremamente permissivo. Até quando o ar é considerado bom, já faz mal à saúde", diz, em referência ao estudo do Instituto do Coração (Incor) que apontou que mesmo com metade dos níveis considerados seguros, a poluição já eleva em 12% a ocorrência de arritmia cardíaca.

Os especialistas fazem coro ao citar que os veículos são os grandes responsáveis pela má qualidade do ar. Prova disso é que, dos 41 dias totalmente bons, 17 ocorreram em sábados ou domingos, dias em que a circulação de carros diminui. Além disso, 10 destes dias estão concentrados em janeiro, mês de férias, em que a frota de São Paulo cai 40%.