A partir da próxima semana, o acompanhamento dos familiares de pacientes com melanoma - o mais agressivo dos tumores malignos de pele, com 6 mil casos por ano no Brasil - passa a ser feito como rotina no Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. Hoje, 47 famílias já são acompanhadas como parte de uma pesquisa inédita no Brasil que avaliou mutações genéticas relacionadas ao desenvolvimento desse tipo de câncer.

            O objetivo é identificar a doença em estágio inicial em integrantes de famílias com dois ou mais casos confirmados. Com a implantação dessa triagem como rotina no hospital, no Ambulatório de Melanoma Familial, quando os médicos constatarem dois casos de melanoma na mesma família os parentes de primeiro e segundo graus serão chamados para fazer um exame genético.

            A iniciativa se concretizou a partir de uma pesquisa de doutorado realizada no Laboratório de Oncologia Molecular do hospital. Após submeter os familiares ao exame de DNA, constatou-se que cerca de 10% deles apresentavam mutação dos genes CDKN2A (o mais frequente), CDK4 e MC1R. "A probabilidade de desenvolver o melanoma em alguma fase da vida em famílias com a mutação identificada chega a ser de 50%", diz o dermatologista Alexandre Leon, autor da pesquisa.

            Com o novo procedimento adotado pelo A.C. Camargo, assim que a predisposição genética for identificada nos familiares, eles se submeterão - a cada seis meses - a um procedimento de prevenção, com o exame de mapeamento de pintas e lesões que possam ter pelo corpo.

            O exame identifica todas a pintas do corpo com tamanho maior que 2 milímetros e aponta quais delas têm estrutura fora do normal, um indício de que podem se transformar em melanomas. "É fundamental identificar o melanoma no início, quando se pode resolver o problema com uma cirurgia local", diz Leon. "Quando a lesão apresenta metástases sistêmicas é muito mais difícil."

            Na família da comerciante Aparecida Toso, de 60 anos, suas quatro irmãs e dois filhos já passaram pela triagem do A.C. Camargo. Em 1989, ela passou por uma cirurgia para a retirada de um melanoma. Um ano depois, foi a vez de uma irmã. "Passei a fazer um acompanhamento constante no A.C. Camargo. E agora, minhas irmãs e meus filhos também", diz.

 PREVENÇÃO

            Estágio zero: O tumor se restringe à epiderme e é facilmente curável com a retirada da lesão

            Estágio 1: Quando a lesão se apresenta nessa fase, a profundidade não chega a 1 mm e a possibilidade de cura é de mais de 90%

            Estágio 2: A lesão ainda é restrita à pele, com profundidade maior que 2 mm; chances de cura são de cerca de 80%

            Estágio 3: Detectada nessa fase, o paciente já apresenta inchaço nos gânglios e a doença tem 50% de chances de ser curada

            Estágio 4: O tumor já apresenta metástases e as chances de cura são de menos de 5%


Fontet: OESP, 11 DE MARÇO DE 2009.