O objetivo é identificar a doença em estágio inicial em integrantes de famílias com dois ou mais casos confirmados. Com a implantação dessa triagem como rotina no hospital, no Ambulatório de Melanoma Familial, quando os médicos constatarem dois casos de melanoma na mesma família os parentes de primeiro e segundo graus serão chamados para fazer um exame genético.
A iniciativa se concretizou a partir de uma pesquisa de doutorado realizada no Laboratório de Oncologia Molecular do hospital. Após submeter os familiares ao exame de DNA, constatou-se que cerca de 10% deles apresentavam mutação dos genes CDKN2A (o mais frequente), CDK4 e MC1R. "A probabilidade de desenvolver o melanoma em alguma fase da vida em famílias com a mutação identificada chega a ser de 50%", diz o dermatologista Alexandre Leon, autor da pesquisa.
Com o novo procedimento adotado pelo A.C. Camargo, assim que a predisposição genética for identificada nos familiares, eles se submeterão - a cada seis meses - a um procedimento de prevenção, com o exame de mapeamento de pintas e lesões que possam ter pelo corpo.
O exame identifica todas a pintas do corpo com tamanho maior que 2 milímetros e aponta quais delas têm estrutura fora do normal, um indício de que podem se transformar em melanomas. "É fundamental identificar o melanoma no início, quando se pode resolver o problema com uma cirurgia local", diz Leon. "Quando a lesão apresenta metástases sistêmicas é muito mais difícil."
Na família da comerciante Aparecida Toso, de 60 anos, suas quatro irmãs e dois filhos já passaram pela triagem do A.C. Camargo. Em 1989, ela passou por uma cirurgia para a retirada de um melanoma. Um ano depois, foi a vez de uma irmã. "Passei a fazer um acompanhamento constante no A.C. Camargo. E agora, minhas irmãs e meus filhos também", diz.
PREVENÇÃOEstágio zero: O tumor se restringe à epiderme e é facilmente curável com a retirada da lesão
Estágio 1: Quando a lesão se apresenta nessa fase, a profundidade não chega a 1 mm e a possibilidade de cura é de mais de 90%
Estágio 2: A lesão ainda é restrita à pele, com profundidade maior que 2 mm; chances de cura são de cerca de 80%
Estágio 3: Detectada nessa fase, o paciente já apresenta inchaço nos gânglios e a doença tem 50% de chances de ser curada
Estágio 4: O tumor já apresenta metástases e as chances de cura são de menos de 5%
Fontet: OESP, 11 DE MARÇO DE 2009.