O que leva qualquer pessoa a achar que um País pode ser grande, de fato desenvolvido, sem saúde e educação? É inexplicável! Construir uma nação requer responsabilidade e consciência. Um Estado promissor e digno e o que investe no ganha-ganha: os cidadãos têm direitos sociais, renda e poder de compra; as empresas vendem, ampliar seus negócios e geram mais empregos; o governo administra com transparência, cumpre seu papel de gestor dos investimentos públicos, arrecada mais com o giro da prosperidade.

Parece óbvio. Mesmo assim, há um grupo que teima em caminhar na contramão em todo o mundo. No Brasil, somos mestres na arte de fazer opções equivocadas. Agora mesmo, temos a informação de que o número de pacientes no Sistema Único de Saúde cresce absurdamente em todo o Brasil, inclusive em estados ricos, como São Paulo.

Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

O assunto do dia, quando se fala em atendimento e qualidade de vida ao cidadão, é a Telemedicina. Empresas de tecnologia, entidades médicas, gestores, planos e operadoras de saúde, só para citar alguns exemplos, debatem exaustivamente se é ou não a salvação para todos os problemas e mazelas da assistência aos cidadãos.

Todas as novidades, obviamente, trazem prós e contras. Contudo, diz a história da humanidade, o copo nem está meio cheio quanto parece aos otimistas nem tem menos da metade de seu conteúdo, como querem ver os pessimistas. Fato é que meio copo de água, por exemplo, contém exatamente a metade de sua capacidade em volume.

Assim, em meio à polêmica, certo é que há porta-vozes para defender os interesses dos mais diversificados, boa parte inclusive contestável. Existem aqueles que só olham para seu ganha-pão profissional, os corporativistas, os que visam exclusivamente ao lucro, empresários mercantilistas, e até os que pensam no bem-estar da coletividade em termos de acesso, qualidade de atendimento e boa oferta de saúde, infelizmente -- um grupo ainda minoritário.

No Canadá, e em outros países cultural e economicamente mais avançados do que o Brasil, a Telemedicina funciona muito bem, graças a Deus.

A questão é que a base do atendimento é completamente diferente. Por exemplo, as especialidades médicas são direcionadas apenas para os atendimentos mais complexos. Todo o restante, ou seja, a assistência primária, é realizado pelo clínico médico ou por médicos de família.

Nessas nações, também se tem como prioridade a promoção e a prevenção. Bem diferente do Brasil, em que o foco é a doença. Por aqui, esperamos primeiro que a enfermidade se manifeste para, então, entrar com a intervenção curativa.

Em um cenário com tal distorção, nem Telemedicina nem milagre resolverão os gargalos da rede de saúde e a deficiência nos cuidados aos cidadãos. É urgente rever a sistematização e as políticas do setor, para vislumbrar um caminho de eficácia e resolubilidade.

Outra prioridade é regatar os princípios da humanização da Medicina. Desde as faculdades, os futuros doutores devem ter a consciência de que paciente tem nome e sobrenome. O indivíduo enfermo não pode ser visto como um número de quarto ou um usuário do plano de saúde X, Y ou Z.

Medicina de qualidade tem como premissa gostar de gente. Portanto, somente aquele que tem respeito e apreço por seu semelhante pode exercer profissão relevante com a nobreza que lhe é inerente.

Certeza ainda é que não existe Medicina quando se olha focando os rendimentos do mês ou o enriquecimento acima de tudo. Saúde é coisa séria, da mesma forma que gente é para ser feliz, como diria o poeta.

Não existe felicidade na doença, como bem sabemos.

Texto publicado originalmente em abril de 2019 no Diário do Grande ABC

Fonte CFM

No Brasil, a cada 60 minutos, em média, pelo menos cinco pessoas morrem vítimas de acidente de trânsito. Os desastres nas ruas e estradas do País também já deixaram mais de 1,6 milhão de feridos nos últimos dez anos, ao custo direto de quase R$ 3 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). Os números fazem parte de um levantamento elaborado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que nesta semana realiza em Brasília (DF) um evento nacional para entender esse problema que atinge proporções epidêmicas.

Para o coordenador da Câmara Técnica de Medicina de Tráfego do CFM, José Fernando Vinagre, os números mostram que os acidentes de trânsito constituem um grave problema de saúde pública e que provoca sobrecarga nos serviços de assistência, em especial nos prontos-socorros e nas alas de internação dos hospitais. “É preciso reconhecer o importante aprimoramento da legislação ao longo dos anos e também o aumento na fiscalização, especialmente após a Lei Seca. No entanto, precisamos avançar nas estratégias para tornar o trânsito brasileiro mais seguro”, destacou.

Segundo a análise do CFM, a cada hora, em média, cerca de 20 pessoas dão entrada em um hospital da rede pública de saúde com ferimento grave decorrente de acidente de transporte terrestre. Ao avaliar o volume total de vítimas graves do tráfego nos últimos dez anos (1.636.878), é possível verificar que 60% desses casos envolveram vítimas com idade entre 15 e 39 anos, sendo menor a frequência nas faixas etárias que vão de zero a 14 anos (8,2%) e em maiores de 60 anos (8,4%). Outra constatação: quase 80% das vítimas eram do sexo masculino.M

Mais vítimas – Entre 2009 e 2018, houve um crescimento de 33% na quantidade de internações em todo o País. O pior cenário, proporcionalmente, foi identificado no estado de Tocantins, que saiu das 60 internações, em 2009, para 1.348, no ano passado (aumento de 2.147%). Na sequência aparece Pernambuco, onde o salto foi de 725% na última década. Apenas cinco estados registraram queda no número de internações por acidente de transporte: Maranhão (redução de 40%), Rio Grande do Sul (22%), Paraíba (20%), Distrito Federal (16%) e Rio de Janeiro (2%).

Em números absolutos, 43% do volume total de internações registradas no SUS no período ficou concentrado em estados do Sudeste, região que reúne também metade da frota de veículos automotores do País. Outros 28% dos casos graves ficaram no Nordeste e o restante ficou diluído entre o Sul (12%), Centro-Oeste (9%) e Norte (7%).

Para a presidente da CFM, Carlos Vital, a solução para reduzir os acidentes depende de uma série de fatores de prevenção, reforço na fiscalização e sinalização, além de questões de infraestrutura e aprimoramento dos itens de segurança dos veículos. “Neste contexto, os médicos desempenham papel fundamental nas discussões sobre direção veicular segura. O impacto desses acidentes nos serviços de saúde é alto. Leitos são ocupados, hospitais e médicos se dividem no atendimento entre os acidentados e os que procuram assistência médica para patologias que não poderiam prevenir, diferentemente dos acidentes de trânsito, que podem ser reduzidos e prevenidos”, destacou.

Sobrecarga para o SUS – Se por um lado as tragédias no trânsito trazem dor e sofrimentos aos pacientes e seus familiares, por outros elas também estendem suas consequências para o bolso dos brasileiros. Na última década, as internações hospitalares decorrentes de acidentes de trânsito consumiram cerca de R$ 2,9 bilhões do SUS, em valores atualizados pela inflação do período.

Antonio Meira Júnior, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e membro da Câmara Técnica do CFM, lembra que os custos com os acidentes de trânsito vão além das hospitalizações. “Estamos falando de um custo médio de aproximadamente R$ 290 milhões ao ano, que obviamente foi investido para salvar vidas, o que é justificável. Se conseguíssemos diminuir o número de vítimas do trânsito, no entanto, teríamos um impacto muito grande também nas contas públicas. São recursos que poderiam ser direcionados para outras áreas prioritárias da assistência em saúde no País”, pontua.                                                 

Estimativas conservadoras, segundo ele, calculam em cerca de R$ 50 bilhões ao ano os gastos com os acidentes, incluindo atendimento médico-hospitalar, seguros de veículos, danos a infraestruturas, perda ou roubo de cargas, entre outras despesas. “É preciso lembrar que existem outros custos envolvidos neste contexto, como o do absenteísmo por doença (falta do trabalhar por atestado ou licença-saúde), com auxílios doença e tudo o mais que o País tenha investido no indivíduo que veio a óbito ou que ficou inválido em idade produtiva. Mais grave do que toda essa matemática, porém, são as sequelas físicas e emocionais – muitas vezes irreversíveis – que cada um destes acidentes deixa na vida das pessoas”.

Mortalidade em queda – Segundo o levantamento do CFM, que considerou ainda dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, só em 2016 (ano mais recente disponível), foram registrados 37.345 óbitos decorrentes de acidentes de transportes terrestres. Embora a quantidade seja a menor registrada no período analisado (2007 a 2016), o número de mortes tem avançado em alguns estados, sobretudo das regiões Nordeste e Norte do País.

Na região Norte, a mortalidade por acidentes subiu 30%. Da mesma forma, no Nordeste houve um crescimento de 28% dos casos. No Centro-Oeste também houve aumento do indicador (7%), enquanto nas regiões Sul e Sudeste apresentaram menor quantidade de óbitos em 2016, frente à 2007, com queda de 15% e 18%, respectivamente.

Embora os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná liderem o ranking nacional em números absolutos de mortes no trânsito durante os últimos dez anos, o Piauí foi a federação que apresentou o maior crescimento proporcional no período: 56%. Em 2007, 670 óbitos haviam sido registrados naquele estado, número que saltou para 1.047 dez anos depois. Na mesma proporção, de 56%, cresceram os registros vítimas fatais no Maranhão no período. Ao todo, 16 estados notificaram aumento desse tipo de agravo.

De outro lado, o estado mais populoso do País informou queda na quantidade de óbitos desta natureza. Em 2016 foram 5.740 mortes, 24% a menos que o indicado em 2007 (7.550). No quadro nacional, também figuraram com redução significativa de casos fatais no período os estados de Santa Catarina e Roraima, ambos com queda de 23%; Distrito Federal (22%); e Espírito Santo (20%).

Prof. Dr. Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica

O assunto do dia, quando se fala em atendimento e qualidade de vida ao cidadão, é a Telemedicina. Empresas de tecnologia, entidades médicas, gestores, planos e operadoras de saúde, só para citar alguns exemplos, debatem exaustivamente se é ou não a salvação para todos os problemas e mazelas da assistência aos cidadãos.

Todas as novidades, obviamente, trazem prós e contras. Contudo, diz a história da humanidade, o copo nem está meio cheio quanto parece aos otimistas nem tem menos da metade de seu conteúdo, como querem ver os pessimistas. Fato é que meio copo de água, por exemplo, contém exatamente a metade de sua capacidade em volume.

 

Fonte: CFM

“Não pode haver simplificação do Revalida. Qualquer que seja a origem do médico, se do Canadá ou da Bolívia, ele deve se submeter à mesma prova. Até porque se um médico brasileiro for trabalhar em outro país terá de se submeter a um exame”, argumentou a conselheira federal Rosylane Rocha, em audiência pública nessa quarta-feira (26), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Profissional da Câmara dos Deputados. Na ocasião, a conselheira também argumentou que o Brasil vai conseguir fixar o médico no interior do país quando criar uma carreira de Estado e oferecer condições de trabalho.

Rosylane Rocha representou o Conselho Federal de Medicina (CFM) em audiência promovida para debater a revalidação simplificada de diplomas dos países signatários do acordo ARCUR-SUL. Na ocasião, a conselheira afirmou que o CFM é contrário ao ARCUR-SUL, mas é a favor de uma maior regularidade do Revalida, com duas edições anuais, e que o candidato aprovado na primeira fase do teste, mas reprovado na segunda, possa fazer apenas a segunda prova numa edição futura do Revalida.

O CFM também defende o Revalida nos mesmos moldes aplicados  hoje pelo Inep, com uma prova escrita e outra prática, e que a autarquia está disposta a assumir a aplicação da prova, com a supervisão do Inep. “Temos experiência com o Sistema de Acreditação das Escolas Médicas (Saeme), que inclusive já recebeu certificação internacional, e poderemos contribuir com o país”, argumentou.

Projeto de lei – Durante a audiência, o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Allan Rick (DEM-AC) denunciou o atraso na realização do Revalida, já que a última edição foi realizada em 2017. O deputado federal e médico Hiran Gonçalves (PP-RR) argumentou que os problemas no Revalida decorrem da falta de regulamentação do exame. Defendeu, então, a aprovação do projeto de lei do Senado 4067/15, que regulamenta o Revalida. Segundo o deputado, deve ser aprovado um pedido de urgência para que o PL seja votado nesta quinta-feira (27) pelo plenário da Câmara. “Esse debate só está ocorrendo porque não há um marco legal para o Revalida”, defendeu. Conselheira Rosylane Rocha apresentou a proposta do CFM

Arcur-Sul – Durante a audiência pública, o presidente substituto do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Camilo Mussi, e o subchefe da Divisão de Temas Educacionais e Língua Portuguesa do Ministério das Relações Exteriores, Francisco Figueredo de Souza, explicaram como está o acordo Arcur-Sul, que pretende simplificar a revalidação de diplomas entre os países do Mersosul. O acordo, no entanto, ainda precisa da ratificação do Congresso Nacional. Dois representantes dos médicos formados no exterior também falaram na audiência: Sílvia Soares e Gustavo Ramiro.

Carreira de Estado - A fixação de médicos no interior do país foi abordada pelo diretor do Departamento de Gestão do Trabalho na Saúde do Ministério da Saúde, Allessandro Vasconcelos, e pelo presidente do Conselho Nacional de Secretária Municipais de Saúde (Conasems). Sobre a permanência dos médicos no chamado “Brasil profundo”, a conselheira federal Rosylane Rocha afirmou que é necessária a implantação de uma carreira de Estado e de condições de trabalho. “Os médicos que estão se formando nas faculdades abertas recentemente nos rincões também não estão ficando lá. E não ficam porque esses lugares não têm shoppings, mas porque não possuem condições de trabalho, nem oferecem uma perspectiva de carreira”, afirmou.

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